Aqui estou num banco de praça no Vale do Anhangabaú. Cai a tarde. Um manto azul profundo cobre o dourado do sol que vai descansar.
À imagem e semelhança do paulistano, que parece desacelerar um pouco, para, em seguida, retornar seu ritmo alucinante.
As luzes, lentamente salpicam as praças, as ruas e prédios de formas cintilantes e fosforescentes, nos tons variados de luminescências que o branco pode ter.
As primeiras estrelas dão sinal de vida com faróis a piscar para olhos desprendidos do burburinho da metrópole.
Os arranha-céus se despem de sua imponência, quando suas dimensões gigantescas se transfiguram em silhuetas que, em breve se diluirão na noite.
As árvores frondosas e verdejantes agora são fantasmagóricas. Algumas ameaçadoras, outras, sortudas, são contaminadas por algum tênue raio de luz artificial e dão o ar de sua graça.
A noite começa em São Paulo.
No entanto, apesar do barulho das buzinas, das riscas incandescentes dos faróis, há uma organização estabelecida neste caos aparente. Cada um sabe para onde vai e planejou. Ou não. Mudam de idéia no meio do caminho. Outros que não sabem para onde vão. Simplesmente se deixam ficar ali. Como mero espectador deste magnífico show de efeitos especiais, de escuro e claro, de movimento e estagnação.
Aproveito para escrever um postal para os amigos do RIO.
Aqui estou, galera!
Estrangeira na pátria amada. Salve, Salve, Sampa!
O azul profundo vai engolindo o meu astro predileto. Sinto falta dos aplausos pros poentes cariocas. Cai a tarde. A noite vem. Os gigantes de mil olhos acendem suas íris. O cheiro de gasolina me impede o resgate do cheiro do mar. O barulho das buzinas abafa o ruído das ondas que se quebram na minha memória.
Mas, fecho os olhos. Encaro o céu e deixo rolar. As estrelas me mostram o caminho de casa..Vim para ficar…