Quem de nós consegue admitir seu lado sombra ?
Assumir a causticidade da nossa verdadeira personalidade?
Suas mesquinharias, ainda que dissimuladas se exercitando lá no fundo,qual felino observando sua presa prestes a dar o bote?
Pensamentos tenebrosos vêm bailar sedutores, incitando a discórdia, promovendo a desconfiança e acendendo a ira.
Quantas vezes quantos de nós se agachou , à semelhança dos répteis,para ficar invisível e planejar uma vingança lenta e friamente??
Quantos sorrisos amarelos esconderam pérfidas maquinações em relação ao outro?
Quantos tapinhas nas costas se revelaram tão venenosos a contaminar nossos melhores sentimentos?
Quantos apertos de mão destilaram o óleo da desgraça na intenção de destruir o outro?
Um próximo mais próximo , ensandecido, mal intencionado, provoca reações inimagináveis em nós . Nos pegamos vítreos,emitindo dardos em sua direção porque ele nos ignora.Ignora nossa solicitude.Ignora nossa solidariedade.Ignora nossa disponibilidade.
E,assim,vamos embebedando a nós mesmos,gota a gota,preenchendo o nosso cálice de cólera e nos infernizando para a revanche.
O que há em nós de tão terrível, que dissimulamos tantas emoções para nos mantermos politicamente corretos ?.
Que monstro adormecido é este que despertamos como um vulcão ameaçador em vias de lançar suas lavas incandescentes que vai endurecendo de basalto as possibilidades de conciliação?
Não nos interessa o estrago, somente a explosão pirotécnica a vociferar palavrões ,descalabros e ofensas inimagináveis.
Nosso semblante se altera qual máscara veneziana que encarna o Mal.
Quem é este ser tumultuado e bisonho que se apresenta quando em vez e se apossa de nós emitindo labaredas incomensuráveis e por vezes imperdoáveis??
Quem és tu? Quem sou eu? Quem somos nós?
Escravos da Inveja. Do respeito humano. Do não levar desaforo pra casa. Do azedume do “Day after”.
Soldados de um exército sem nome e sem lei- O ódio ,cujo manto negro nos envolve , espalhando seus raios na surdina e espargindo dor para todo o lado.Na família.Na rua .No trabalho.Na vida.
Basta! Que venha a Paz!