A Arpillera é uma técnica têxtil chilena que possui raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, localizada no litoral central chileno.As arpilleras originais eram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso.
Normalmente junta-se retalhos de tecidos e fios para reproduzir cenas do cotidiano ou memórias de ontem , hoje e sempre, que são costuradas à juta em pontos livres.
Não é preciso dominar técnicas de bordado ou costura. Basta viajar com a agulha e as linhas com suavidade e criatividade.
A cantora e folclorista Violeta Parra aprendeu esta arte e a mostrou para o mundo, e exibiu suas obras no Museu do Louvre, em Paris. Violeta dizia que a arpillera é “uma canção bordada”.
E, assim, por meio das arpilleras, as mulheres chilenas do campo e da cidade conseguiram registrar histórias e fazer denúncias dos terríveis tempos da ditadura de Augusto Pinochet nos anos 70.
Dia 11 de maio, estive na IV Feira Nacional da Reforma Agrária no Parque da Água Branca e participei da Oficina Arpilleras com o Coletivo Arpilleras da RSM -Rede de Saúde Mental do MST, que acontece desde 2020, para acolhimento dos(das) militantes do Movimento.
Além de ser acolhida com alegria e carinho pelas moças profissionais e meticulosas, pude experimentar ainda que por um tempo exíguo, a técnica e compreender a intenção das meninas da Arte de Bordar como Resistência.
Um estilo de arte que situa o acontecimento como esperança de vida e sua mobilidade em relação à ética da ação de resistir, herança de luta em dias sangrentos, em que a obra de arte se transforma em seu próprio mito, de não adequação a um contexto histórico de privação de liberdades.
A IV Feira Nacional da Reforma Agrária, além de oferecer a abundância de um “possível“ país sem fome, num congraçamento de mãos produtivas e rostos esculpidos na força da terra, artistas e artesãos, deixa um lastro de alinhavos livres e bordados que se traduzem no estoicismo da brava gente brasileira.
Que orgulho!
photos: Shellah Avellar
#oAmorSIM
photos :Iara Milreu Lavratti
Coletivo de Comunicação da Rede(RCVD)
Iara Milreu Lavratti / Marilia Fonseca / Gab Monteiro / Giulia Mafort
Coletivo De Saúde Mental da Rede (RCVD)
Paula Sasaki / Carolina Schon
arquivo MST
Mais e melhor infraestrutura para uma real reforma agrária!
Que boniteza e quanta potência dessa mulherada!
Que arte maravilhosa!