60 ANOS PÓS-GOLPE MILITAR

REFLEXÃO SOBRE OS CAMINHOS DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL

CURADORIA E MEDIAÇÃO:SHELLAH AVELLAR

Um olhar sobre o Brasil sob a perspectiva do Jornalismo e da Comunicação, desde o golpe Militar de 1964.

O advento da internet, as novas narrativas a partir de um algoritmo cultural, a representação de diversas classes de signos e linguagens e as linhas de causa e efeito para fatos aparentemente desconectados.

O papel dos dispositivos móveis para coberturas, as redes sociais, a geo-localização, a tensão entre mobilidade e localização, e a definição de territorialidade.

A explosão da diversidade comunicativa, os novos vínculos e a instantaneidade dos conteúdos.

Como ser fiel ao fato diante do imediatismo do real time.

O espectro interdisciplinar entre comunicação, educação e linguagem.

Os desafios do profissional de ontem e do contemporâneo.

Trazer à baila uma reflexão com as várias especialidades de jornalismo, profissionais de comunicação corporativos e acadêmicos.

Discutir sobretudo as fake News, a Inteligência Artificial e o avanço da extrema direita e seu poder de fogo nas mídias digitais.

Reflexão conjunta sobre a formação de novos profissionais e a adaptação dos mais experientes, dialogando com outras instâncias do saber e da prática a fim de promover uma crítica fértil e perspectivista, atenta aos novos referenciais.

Proposta de diálogo que resulte em ações concretas.

PALESTRANTES CONVIDADOS:
Eugenio Trivinho
Tema: Política de Estado, Monopólio do Consenso e Resistência Democrática no Brasil


Vilma Amaro
Tema: A Mulher-Jornalismo e Militância


Gilberto Nascimento
Tema: Política, Religião e Direitos Humanos


Sergio Gomes
Tema: Esperança versus Presságios


Guto Camargo

O Impacto das Plataformas Digitais na Comunicação


Shellah Avellar
A Falha da Comunicação


60 ANOS PÓS GOLPE MILITAR – Reflexão sobre os caminhos da comunicação no Brasil – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (sjsp.org.br)

(1) 60 ANOS PÓS GOLPE MILITAR – Reflexão sobre os caminhos da comunicação no Brasil – YouTube

https://contextosocial.com.br/a-importancia-da-comunicacao-no-desenvolvimento

60 ANOS DO GOLPE -GERAÇÕES EM LUTA

Projeto e Coordenação Francisco (Xico) Calmon

Organização:

Denise Carvalho Tatim -Gisele Silva Araújo – Roberto Junquilho- Sandra Mayrinck Veiga

Livro coletivo de 60 autores sobre o golpe de 64 lançado em 1º de abril

Foi lançado em várias cidades do país, no dia 1º de abril, o livro “60 anos do golpe: gerações em luta”, resultado de um ousado projeto concebido e coordenado pelo advogado e militante político Francisco Celso Calmon, que conseguiu reunir em tempo recorde artigos de 60 autores. Esses textos tanto tecem memórias quanto apresentam análises históricas e reflexões sobre a atual conjuntura política, numa tentativa de também apontar caminhos para a consolidação da democracia brasileira.

A data de 1º de abril marca os 60 anos do golpe militar que instaurou a feroz ditadura de 1964-1985 e deixou como saldo dos 21 anos de violência alguns milhares de mortos e desaparecidos, entre outros perversos e duradouros efeitos sobre a sociedade brasileira. Se são 434 os militantes mortos e desaparecidos oficialmente nomeados nos relatórios da Comissão Nacional da Verdade de 2014, a eles devem se somar pelo menos 8.350 indígenas e 1.654 camponeses assassinados, de acordo com levantamentos das comissões próprias e posteriores estudos acadêmicos.

Os autores dos artigos reunidos no livro de 334 páginas são tanto sobreviventes da ditadura quanto militantes mais jovens de diferentes causas e movimentos em defesa dos direitos humanos. Entre eles encontram-se mulheres e homens, negros, brancos e indígenas, que são professores, pesquisadores acadêmicos, jornalistas, juristas, sindicalistas, sociólogos, economistas, psicólogos, intelectuais, poetas e escritores. Há no grupo ex-coordenadores da Comissão Nacional da Verdade, integrantes do Movimento Geração 68, representantes dos movimentos sociais da periferia, enfim, cidadãos e cidadãs que militam hoje ainda em defesa da democracia.

Trabalharam na organização desse imenso material, para concretizar o livro, Denise Carvalho Tatim, Gisele Silva Araújo, Roberto Junquilho e Sandra Mayrink Veiga. O ponto de partida da obra, que tem o apoio da Rede Brasil, Memória, Verdade e Justiça, do Canal Pororoca e do Movimento Geração 68, foi a proposta para que os candidatos a autores refletissem sobre a pergunta, “Onde estávamos em 1964 e onde estamos em 2024?”

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão escreveu, na contracapa: “Tenho muito orgulho de apresentar essa lista de consagrados autores em suas expertises, garantia de um livro de conteúdo de excelência literária e política. Os artigos que compõem esta obra se unem a um eixo essencial, a permanente luta pela democracia de todas e todos. “60 anos do golpe: gerações em luta” é uma obra para figurar entre os grandes compêndios da história”.

Os lançamentos simultâneos em 1º de abril ocorreram em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Aracaju, Curitiba, foram exitosos, bem como nos municípios de Resende, Barra do Piraí e Volta Redonda, no Estado do Rio, e Joaçaba em Santa Catarina.

Brevemente em Passo Fundo, RS, dia 16, no sindicato dos bancários, também na sede recreativa dos bancários, dia 12, mais um lançamento em Vitória.

Novas ações em torno do livro estão acontecendo em sindicatos, centros culturais, entidades estudantis, entre outros locais propícios ao debate político visando a defesa da democracia. 

Contatos: Francisco Celso Calmon – telefone (27) 988191437 Roberto Junquilho – telefone (27) 988399523 Mariluce Moura – telefone (11) 996381974

LANÇAMENTO EM SÃO PAULO -TEATRO RUTH ESCOBAR SP

5 DOS 13 AUTORES DE SÃO PAULO

AMAURY MONTEIRO – VERA LUCIA VIEIRA- MARILUCE MOURA- SHELLAH AVELLAR- KAUÊ KAUÊ VINICIUS ARAUJO SILVA

60 ANOS PÓS GOLPE MILITAR

REFLEXÃO SOBRE O BRASIL

DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS

CURADORIA E MEDIAÇÃO Shellah Avellar

Em repúdio à afronta das recentes declarações  da presidência para com os militantes que engrossam fileiras de resistência, nas ruas, nas redes sociais, congressos, seminários e plenárias, para que se perpetue a reedição do jogo democrático, principalmente “valorizados” em tempos de eleições.

Uma homenagem aos que já partiram e aos que estão partindo, sem sequer ter tido a possibilidade de Justiça e Reparação, por sua luta, em vida.

Aos que restaram, e suas sementes, ainda que claudicantes, diante da promessa que ainda não foi cumprida da reativação da Comissão Especial de mortos e desaparecidos políticos, em nome de um pragmatismo político, que flerta com a procrastinação que se arrasta há quase 60 anos, desrespeitando os militantes, idealistas e jovens universitários, que se imolaram por um Brasil mais justo, deixando um rastro de sangue e dores que respingou em suas famílias, ascendentes e descendentes, com sequelas profundas, algumas irreparáveis.

Em virtude da urgência em se discutir e propor ações concretas diante dos 60 anos de golpe militar, e com a perspectiva de não reativação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, estou fazendo a Curadoria do Encontro 60 ANOS PÓS-GOLPE MILITAR- REFLEXÃO SOBRE O BRASIL, DEMOCRACIA  E DIREITOS HUMANOS, DIA 1 DE ABRIL às 15H no MEMORIAL DA RESISTÊNCIA DE SÃO PAULO-Largo General Osório,66.

O objetivo do Encontro é fazer uma reflexão sobre os caminhos do Brasil e o que conquistamos e o que deixamos de conquistar nestes 60 anos. Trazer à baila a urgência da  Reativação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. E também  repensar a Justiça de Transição e A Reparação Psíquica dos Afetados Pela Ditadura militar de 1964. E, estender esta reflexão ao descuido da população periférica e os abusos que continuam acontecendo.

Convidados:

ERICO LIMA OLIVEIRA

Doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo e University College London. Mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Oxford. Mestre em Justiça Transnacional pela United Nations Interregional Crime and Justice Research Institute. Editor-Chefe da Revista da Defensoria Pública da União. Defensor Regional dos Direitos Humanos

ADRIANO DIOGO

Geólogo formado pela USP. Filiado ao PT desde sua fundação, foi eleito por esse partido Vereador da cidade de São Paulo (1989-2003) e Deputado Estadual (de 2003 a 2015). Foi Secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente em São Paulo (2003-2004). Presidiu a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” (2012-2015). Coordenou o Setorial de Direitos Humanos do Partido dos Trabalhadores de 2017 a 2021.

FLAVIO DE LEÃO BASTOS

Pós-doutorado em Direitos Humanos. Professor de Direito no Mackenzie. Advogado atuante na defesa dos Direitos Humanos. Presidente da Frente Ampla Democrática Pelos Direitos Humanos (FADDH). Foi membro da Comissão da Verdade de Osasco (2003-2004). Conselheiro do Núcleo Memória de SP. Advogado atuante na Ação Civil Pública do antigo DOI-CODI. Membro do Conselho Gestor do Memorial da Luta Pela Justiça. Membro do GT DOI-CODI. Coordenador do Núcleo da Memória da Comissão de D. Humanos da OAB/SP. Professor visitante na Univ. Tecnológica de Nuremberg (Alemanha). Especialista em genocídios pelo Instituto Zoryan e Universidade de Toronto. Autor da obra “Genocídio Indígena no Brasil: desenvolvimentismo entre 1964 e 1985”, sob orientação do Prof. Silvio Almeida.

DIMITRI SALES

Advogado. Mestre e Doutor em Direito (PUC/SP).Professor Titular da Universidade Paulista. Assessor parlamentar da Assembleia Legista do Estado de São Paulo. Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo.  Ex-Coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo.

JOSAFÁ REHEM

Direção Executiva da APEOESP-SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO ESTADO -Vice-Secretário de Assuntos Relativos à Saúde do Trabalhador em Educação .Professor das redes públicas desde 1989 , tem atuação junto ao movimento social e sindical. Atua também como Supervisor de Educação da PMSP.

ODAIR FURTADO

Professor Associado da PUC-SP. Membro do Instituto Silvia Lane de Compromisso Social ,Coordenador do NUTAS – Núcleo de Pesquisa e Estudos em Trabalho, Atividade e Subjetividade do PPG em Psicologia Social da FACHS/PUC-SP

CURADORIA E MEDIAÇÃO

SHELLAH AVELLAR

Jornalista, Escritora, Arquiteta,  Graduada em Ciências Exatas e Pós- Graduada em Gestão de Processos Comunicacionais –SP. Premiada nacional e internacionalmente, pelos Projetos QUEBRE O SILÊNCIO-OMS -Revista ABOUT. PHILIPS EXPRESSION-Rejuvenescimento de Marca[MarketingBest ,Festival Brasileiro de Promoção e Embalagem, Colunista ,Meio & Mensagem]TREE OF LIFE-IPA INTERNATIONAL ASSOCIATON FOR CHILDREN RIGHTS TO PLAY ONU ECOSOSC. Foi Relações Públicas- Abril Cultural-Projeto Alfa. Supervisora de Radio &TV da House-Organ Grupo Pão De Açúcar.Ex Diretora RTV CULTURA e GAZETA MERCANTIL e Conceito Comunicação. Preside atualmente a SENSORION Special Projects. Integra o Coletivo Filhos & Netos de Ex- Presos Políticos, Mortos e Desaparecidos, a Coalizão Nacional por Memória, Justiça, Verdade e Reparação e Instituto Alípio Freire.

60 anos do golpe militar: Confira a programação no Memorial da Resistência – Memorial da Resistência (memorialdaresistenciasp.org.br)

VOLVER A LOS 64 Shellah Avellar

Volver a los diecisiete después de vivir un siglo

Es como descifrar signos sin ser sabio competente

Volver a ser de repente tan frágil como un segundo

Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios

Eso es lo que siento yo en este instante fecundo

Violeta Parra, “Volver a los 17”

@photo Evandro Teixeira- Rio, 31 março de 1964

2014

Subindo o tom doloroso até o sublime, minha fala tem um quê de garota, quando se trata do golpe militar de 1964, que está completando agora 50 anos.

Brusca epifania que me aperta a garganta.

Na época eu tinha nove anos de idade. Não sabia do que se tratava. Somente que, de repente, minha casa virou um pandemônio. Ora militares do Exército, ora da Polícia Militar chegavam sem avisar e sem pedir licença e jogavam tudo pelos ares e nos reviravam pelo avesso.

Numa destas vezes, eu brincava no quintal, sol a pino, e uma sombra por detrás me fez voltar a cabeça. E me deparei com uma metralhadora bem diante do meu nariz. Enquanto isso, outros invadiam minha casa.

A imagem de minha mãe desfalecendo na porta de entrada.

Meu avô trancando as portas e janelas de sua casa, que ficava no mesmo quintal.

Os livros tão amados por meu pai e por mim sendo jogados numa fogueira, sob meus protestos e prantos.

Durante alguns muitos anos, eu ainda desmaiava quando via um carro de polícia ou caminhão verde de manobras do Exército.

Não se falava no assunto. Bullying na escola, quando colegas me importunavam pedindo informações: “Por onde anda o seu pai???”. Naturalmente orientadas pelos pais deles para que eu revelasse o paradeiro do meu e pudessem eles mesmos denunciá-lo à repressão, ou por simples mórbida curiosidade.

Naturalmente não sabia o que era ser esquerda no país.

As incoerências me avassalam hoje, tanto quanto antigamente. Via meu pai ser recriminado e eu também, por tabela, por ser a filha do comunista.

Recebi certa vez uma carta dele, por intermédio de um cadete, em que me explicava que estava preso por pensar diferente dos homens do poder e não porque havia cometido algum crime, do tipo roubar ou matar.

Na verdade, ainda nem sabia que ele estava preso, tamanha era a confusão em que nossas vidas haviam se transformado.

Silêncios. Cochichos. Mistérios. Medo.

E solidão. Muita solidão.

A ARTE IMITA A VIDA?

Em 1997, assisti ao filme O que é isso, companheiro? Dirigido por Bruno Barreto. Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira. E dei muita risada. Coisa curiosa ver atores e atrizes, cuja característica principal era o humor (por causa das atuações em divertidas séries televisivas), em papéis de drama extremo. Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres, Pedro Cardoso e Cláudia Abreu, atores que respeito muito e admiro, fazendo os revolucionários e sequestradores. Não me comovia. Não me atravessava, naquele momento.

O Que É Isso Companheiro? | Filme Completo (youtube.com)

Entretanto, num dia qualquer de 2003, aqui em São Paulo, fui assistir Kamchatka, sem ler sinopse, tampouco resenhas. Pelo título, achei que deveria ser algum filme com cenário oriental. Totalmente desavisada e com minha filha, que deveria ter uns nove aninhos, me sentei, com pipocas em punho. À medida que o filme foi acontecendo, pela visão de um menino de nove anos, cujos pais eram militantes na ditadura da Argentina (1976-1983), fui me vendo, não na história em si, fui me identificando com o olhar de quem vivenciou aqui no Brasil aquela solidão. A falta de informação e o medo. As cenas se sucediam e uma, em especial, em que o menino corria atrás do carro dos pais, me remeteu a um dia, quando chegava da escola e vi um jipe do Exército levando mais uma vez o meu pai. E eu correndo gritando atrás do jipe na esperança de tentar deter mais uma vez o sumiço dele. O desespero do menino e aquela sensação de perda e de abandono me aterraram e despenquei num choro convulso e catártico dentro do Cine Lumière, no Itaim Bibi. Luzes se acenderam. Havia umas quinze pessoas. Fui até o toalete e lá continuei num pranto convulso que jorrava desapontamento, cicatrizes indeléveis de um tempo ladrão de alegria e sequestrador de ilusões. Era o disparador de tantas mágoas contidas. De tanto desconhecimento. De tanta dor. Ainda assim voltei para ver o filme e continuei soluçando durante a projeção.

Minha filha, em sua ingenuidade, sacou: “Você tá assim porque se lembrou do vovô?”. Isso, sem nem sequer tê-lo conhecido, porque ele morrera num “acidente” de carro em 1971. E ela nasceu em 1993.

Kamchatka, Película Argentina con Ricardo Darín (youtube.com)

O NÃO PERTENCIMENTO

Mas, e daí? Cresci achando que meu pai morreu num acidente trágico. Hoje, cinquenta anos após sua morte, alguns insistem na hipótese de não ter sido acidente. E me vejo às voltas com a Comissão da Verdade, procurando “agulha no palheiro”.

Mais um baque num corpo emocional que acredita ter superado essa questão, que, entretanto, volta sempre a incomodar. Reverencio a revolucionária que em mim habita, defendo-a e encaro a disciplina que ela exige para se realizar. Volto à juventude que clamava por um mundo ainda possível naquele realismo utópico, de “resistência”.

Vejo tantas e tantas reportagens, artigos, pontos de vista sobre estes 50 anos do golpe. Entretanto, tem gente da minha geração que passou por ela e não sabe que ela existiu.

Mais uma vez, este sentido de “não pertencimento” me acomete. Não se ouviam os gritos. Não se presenciavam os horrores. Tudo era minuciosamente camuflado dos sentidos dos homens comuns. Só rufavam os tambores para os “de esquerda”. Para os que se achavam inteirados de tudo e lutavam pela Liberdade. Liberdade, esta, questionável aos olhos da elite conservadora e do sectarismo da Igreja. Não me reconhecia e não me reconheço ainda nestes moldes de hipocrisia.

Hipocrisia, esta chaga que sangra e se arraiga cada vez mais nos modelos do establishment.

BASTA!

Sei lá se escrevo bem. Sei lá se estou sendo fiel aos mártires deste holocausto brasileiro, pelo valor universal que eles merecem por uma luta à altura de sua história.

Fiz protestos. Shows em universidades. Peças de teatro e festivais de música. Muito antes de ser uma universitária. Queria que ouvissem o grito da minha dor. Era uma graça que me concedia para me suprir da minha própria perda.

Continuo hoje tentando ser solidária a meus sentimentos e a minha verdade grita: “Chega!”.

Basta de se esconder debaixo da capa burguesa que corrompe tudo que toca. Destas amostras de barro que nos formatam, endurecem e paralisam em nome de uma vida melhor. Das etiquetas e do status que determinam nosso padrão de vida, como “bem ou malsucedido” pelas posses, pelos cargos, pelos títulos e pelas aparências.

Não me detenho mais em nome de nenhuma doutrina, partido, associação, seita ou facção. Sigo em meu próprio nome. Na verdade, vou (me) esculpindo, dia após dia, ao encarar e transmutar minhas crenças provisórias.

Me interessa “tentar”, ao menos, ser coerente com o que penso e digo. Para não dar distorção e me transformar num ser humano amorfo, cuja legenda está fora de sincronismo. Dou lugar àquela criança impetuosa.

Não sou de direita. E me recuso a ser muro. Pendo, sim, para a esquerda. Porque é na esquerda que reconheço, através dos séculos de história de exploração do homem pelo homem, que vem gritar contra as injustiças sociais, contra os preconceitos, contra as discriminações de qualquer tipo, gênero, raça, fé e poder econômico.

Não me filiei a nenhum partido nem a nenhuma facção política, a fim de continuar livre para ir e vir. As associações e instituições refletem os preconceitos e estereótipos de seus dirigentes. E cada uma, a seu modo, tenta nos incutir seu modus vivendi, estendendo seus tentáculos para nos transformar em seres robóticos, acomodados numa forminha de gelo, a seu bel-prazer.

À LA GAUCHE

Volvendo à esquerda, quando ela cumpre seu papel revolucionário de ir contra a corrente, do abuso de poder e das ideias. Sejam elas quais forem. Principalmente se ela está a favor dos fracos e oprimidos, dando a eles condição de sair de sua triste condição e ensinando-os a lutar pelos seus direitos, qualificá-los pessoal, profissional e socialmente, mas sem desconhecer seus deveres. Assim como há pobres soberbos, há ricos humildes. O homem imprime seu valor com ações e frutos. O subversivo é quem subverte o que oprime. Jesus era subversivo aos olhos do governo de Roma. Não havia outra solução a não ser eliminá-lo, por um motivo qualquer, como continuam fazendo com quem incomoda o poder vigente. Há casos em nossa própria história, como Tiradentes e mesmo o contraditório Calabar, que decidiu trocar de lado, a favor talvez de um proto-povo brasileiro. E tantos outros por aí afora.

Protesto contra a ditadura, 1968, Rio de Janeiro

DESANIVERSÁRIO

Nos 50 anos de (des)aniversário do golpe de 64, só me lembro de que perdi meu pai tantas e tantas vezes. Ora pelo desconhecimento de onde ele estava. Ora pela própria militância. Ora pela Polícia Militar. Ora pelo Exército. E, finalmente, pela própria morte, em 1971.

E me desculpem os que se consideram “de direita”. Os que se consideram os certos e bem direcionados na vida. Os formadores de opinião. E mesmo alguns acadêmicos e intelectualizados da elite da esquerda. Muitos destes nem sequer sabem o que é militância.

Só me lembro do seu olhar, na hora de irmos embora, quando íamos visitá-lo, quando finalmente soubemos onde ele estava.

E do dia em que finalmente voltou para casa e seus amigos lhe perguntaram qual o sabor da Liberdade. Ele respondeu que ainda era cedo para descrever. Com seus braços amarelos de nicotina até o cotovelo, olheiras fundas, manchas roxas e afundamentos por todo o corpo esquelético. E uma tristeza milenar, que identifico nos olhos de Che Guevara, de Mandela, de Gandhi. Tais como os olhos de Jesus em suas tantas representações pictóricas. Imagens que vêm, vez por outra, atormentar meus eternos questionamentos.

Idealismo? Endeusamento? Sei lá…

Meu pai era um pobre militante anônimo para as estrelas da luta armada em todo o país. Como centenas de outros hoje desaparecidos, sem paradeiro, sem história. Apenas um fantasma que nos assombra. Em nome de um passado sem glórias.

Mas, para mim, era, e é, um herói que me ensinou, pelo exemplo, que todos os homens são iguais, e também a não se curvar diante da ilusão de poder, seja ele qual for.

Imperfeito. Assumia suas incoerências. E ouvia com atenção minhas admoestações de menina e moça. Me dando ares de importância. Apoiava minha forma de realizar e me deixava livre para errar e acertar por minha própria conta. Parece que sabia que iria logo embora e procurou passar, desde cedo, livros e ensinamentos, em que me calco até hoje.

Simples. Direto. Uma oralidade ímpar. Carismático e amado por todos, ou quase. Naturalmente não pelos que se consideravam os baluartes da história dos supostos não pensantes. Ele, para estes, era a ovelha negra, a ser extirpada da sociedade. Mas o seu amor incondicional pelo ser humano me encantava e me comove até hoje. Guardo de 64, e dos anos de ditadura, marcas que dificilmente o tempo apagará. Assim como alfinetes esquecidos por algum alfaiate distraído. Mas não faço a apologia da necrofagia. Entretanto, apesar das infâmias praticadas em nome da lei e da ordem, nenhuma especulação escapará da trágica realidade da história.

Mas o amor que aprendi com este amigo, irmão, companheiro e só por acaso meu pai me acompanha, e me faz não desistir cada vez que encontro muralhas de incompreensão. E, resistindo à hipocrisia, me rendo à Liberdade.

Oh! Liberdade! Liberdade! Que ela abra suas asas sobre nós.

E volvo a los nueve, doce, diecisiete, dieciocho, tantas vezes quantas forem necessárias, para louvar o presente de ter tido Almair Mendes Avellar como meu pai, meu país, nesta “encadernação”.

Nota da autora

Escrevi esta matéria em 2014. No (Des)aniversário de 50 anos do Golpe Militar de 1964. Este texto, despertou a atenção de vários jornalistas, e também da Comissão da Verdade. Fui entrevistada pelo Jornalista Pedro Robles para o site MEMÓRIAS DA DITADURA. ( Memórias da ditadura – Instituto Vladimir Herzog ) que percebeu minha agitação e me recomendou para a Clínica do Testemunho do Instituto de Projetos Terapêuticos -projeto de um grupo de Psicanalistas e Psicólogos que acolhiam em rodas de conversa e desabafos os ex-presos políticos, exilados e seus filhos e netos. Este projeto durou 2 anos e lá fui recebida com calor humano por todas e todos e pude falar com tranquilidade sobre o assunto depois de quase 45 anos de silenciamento. Fui orientada por meus companheiros das Clínicas do Testemunho a solicitar ao Arquivo Nacional, informações sobre meu pai. Descobri, em arquivos do jornal Última Hora, e outros periódicos, tais como, a Luta Democrática, Correio da Manhã, O Fluminense, Novos Rumos e Tribuna da Imprensa, que ele tinha sido o criador e presidia por dois mandatos a União dos Trabalhadores de Barra do Piraí, RJ .Liderou a Criação do Pacto Intersindical do Vale do Paraíba, em apoio ao Marechal Lott, enquanto ministro da Guerra, e posterior candidato ao governo federal e era cicerone de  Luiz Carlos Prestes pelo estado, dentre outras atividades. Todos os candidatos à presidência o procuravam, para articular apoio no estado do Rio de Janeiro.

Vale lembrar, que na época, Barra do Piraí era o “maior entroncamento ferroviário da AméricaLatina”, dando acessoao Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, portanto, local estratégico, no mapa do emaranhado político.

Almair Mendes de Avellar, foi vítima de um acidente automobilístico, na estrada de Valença-Barra do Piraí, RJ em 03 de fevereiro de 1971, depois de participar de uma reunião com outros militantes, onde, conforme consta no arquivo nacional,  havia um “infiltrado”. Resta a dúvida e o questionamento. E a possível impunidade. Dentre tantas outras pelo Brasil afora.

Quanto a mim, pós Clínica do Testemunho, participei do projeto Margens Clínicas e Cursos de Justiça Restaurativa, e segui, e sigo, participando de Rodas de Conversa e debates com outros afetados pela Ditadura Militar de 1964.

Posto aqui o registro da Oficina Retalhos de Memória da designer Camila Sipahi, que fazia parte de nosso grupo, onde bordamos sobre fotos nossas e de nossos queridos e queridas, redefinindo as memórias e reconstruindo os cacos da devastação que a Ditadura Militar deixou em nossos corpos, corações e mentes. Retalhos da Memória (youtube.com)

“Nas Clínicas do Testemunho, através dos Projetos Terapêuticos e memórias de dores revividas como resquícios da Ditadura Militar, alinhavamo-nos uns aos outros. Aprofundamos a busca por relações mais profundas, entremeadas por emoções recortadas e bordadas no processo. ”

Este Estandarte está exposto no MEMORIAL DOS DIREITOS HUMANOS em Belo Horizonte, MG

2016

Aos berros de uma evocação à família e à igreja, destituíram a primeira mulher eleita presidenta do Brasil.

O impeachment de Dilma Roussef foi um processo de afastamento da presidente da República Federativa do Brasil, iniciado em 2015 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo CunhaDilma foi acusada de crime de responsabilidade fiscal, por contratar operações de crédito com instituição financeira controlada pela União e editar decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso NacionalO impeachment foi concluído em 31 de agosto de 2016, com a condenação de Dilma pelo Senado Federal, por 61 votos a 20.

Finalmente, por unanimidade, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília, manteve 21 agosto de 2023, a decisão que arquivou uma ação de improbidade contra a ex-presidente Dilma Rousseff sobre o caso das “pedaladas fiscais”.

Dilma Rousseff foi oficializada no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como BRICS, em Shanghai, China.

2020

A pandemia do Covid 19, e suas mutações, disparou como um raio sob o descontrole de um governo eleito pelo povo, em 2018 (pasmem) pós-novo golpe em 2016.

2021

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão do ministro Edson Fachin que, ao declarar a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), anulou as ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não se enquadrarem no contexto da operação Lava Jato.

2022

Com mais de 702 mil brasileiros mortos pelo Covid, e outros tantos milhares internados em estado grave, e muitos, à espera de insumos, medicamentos, tratamentos, leitos e vacinas, o (des)governante tentou desesperadamente se manter no poder, desestabilizando as instituições , a economia, a educação ,as ciências e as artes.

Uma arrogância cega que deixou um rastro de dor e miséria, e, ainda assim, hoje, encontra ressonância em seus vassalos, com os quais, articula constantemente perfídias contra o povo brasileiro.

2023

Após uma apertada disputa, Luiz Inácio Lula da Silva retorna à presidência, e, obstina-se em colecionar obras em prol do restauro da democracia, para manter sua promessa em grande estilo.

Governo Lula 2023: saiba as principais medidas até agora (correiosabia.com.br)

08 de janeiro de 2023

O Congresso Nacional, O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto são invadidos, em Brasília, com depredação do patrimônio público, tingindo de cinza, ainda que momentaneamente, a vitória de Novos Tempos para os brasileiros.

HOJE, 08 de janeiro de 2024

A Presidência convoca a nação, para que se manifeste a favor da DEMOCRACIA, em desagravo aos atos terroristas de 2023.

Embora eu considere legítimo o Ato e seus objetivos, e espero, sinceramente, que cumpra a intenção do Governo de marcar a resistência à barbárie, quero registar aqui, meu descontentamento em relação à promessa, em janeiro e reforçada em março deste ano, de Reativação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura Militar de 1964.

Promessa esta, que ainda não foi cumprida, em nome de um pragmatismo político, que flerta com a procrastinação milenar que se arrasta há quase 60 anos, desrespeitando os militantes, idealistas e jovens universitários, que se imolaram por um Brasil mais justo, deixando um rastro de sangue e dores que respingou em suas famílias, ascendentes e descendentes, com sequelas profundas, algumas irreparáveis.

Hoje, integro o coletivo Filhos & Netos de Ex-Presos Políticos, Mortos, Exilados e Desaparecidos, Coalizão Nacional MVJRD, Comissão de Justiça e Paz de SP, Instituto Alípio Freire, (entre outros), e testemunho as cicatrizes, e chagas ainda abertas, de meus pares e compartilho a sensação de impotência, em fazer ouvir nossa voz.

Apoio qualquer manifestação a favor da Democracia, porém, expresso aqui meu repúdio à afronta do descaso para com estes militantes que engrossam fileiras de resistência, nas ruas, nas redes sociais, congressos, seminários e plenárias, para que se perpetue a reedição do jogo democrático, principalmente “valorizados” em tempos de eleições.

Muitos estão partindo, sem sequer ter tido a possibilidade de Justiça e Reparação, por seus méritos, em vida.

Os que restaram, e suas sementes, ainda que claudicantes, rechearam o Ato em Defesa da Democracia, esvaziado pelas férias ou, talvez mesmo por cansaço, em função dos arranjos que vêm sendo feitos, para manter “os mesmos” no poder, desde sempre. Abrigam em seu cerne os traidores e mantêm “eclipsados” os verdadeiros aliados, e, usam a massa ainda cega, a seu favor, para empanar o possível “desastre” de não serem fiéis e éticos a si mesmos e aos seus propósitos antes deflagrados como bandeiras de reeleições.

Torço e anseio, para que a “etiqueta política” não deixe passar mais uma vez a oportunidade de se redimir com estes personagens estoicos, dos anos nefastos da história do país, onde o horror grita até hoje por Verdade e Memória.

Deixo claro, que o fato de apoiarmos as manifestações de 08 de janeiro de 2024, não arrefecerá a nossa luta. E, esta afirmação inquieta, se fará presente e, intermitentemente, teceremos a malha que autenticará nossa oposição veemente ao esquecimento que está dando lugar ao “cerimonial”.

Shellah Avellar,  Uma eventualidade que permanece aberta. Sobrevivente e aprendiz. Escritora, Jornalista, Arquiteta. Graduada em Ciências Exatas e Pós-Graduada em Gestão de Processos Comunicacionais. Premiada nacional e internacionalmente, cria e executa Projetos Especiais de Comunicação, Cultura e Responsabilidade Social. O que a revela muito pouco.

Dalton TRUMBO, A Vida ou A Obra?  Shellah Avellar

Dalton Trumbo Bryan Cranston(ator)

Aos que me lêem que tentem descobrir o que acontece aqui e, quando o souberem , ousem perguntar a qualquer homem :Onde está a Justiça?

E, se necessário, exigi-la , porque ela a Justiça, jamais foi, solidária com aqueles que para manter o status ,assumem a dupla máscara do bufão e do lacaio, da delação e da traição.

Não há intenção aqui,de eleger alguma doutrina, seita, filosofia, ou ismos de quaisquer espécies como os detentores da mais absoluta verdade, porquanto todos cometem os erros dos seus líderes humanos.

Vamos nos ater aos fatos , posto que este filme é baseado numa história real.

O Macartismo (McCarthyism), foi cunhado para criticar as ações do senador norte-americano Joseph McCarthy, cuja intensa patrulha anticomunista, gerou perseguição política e desrespeito aos direitos civis, nos EUA do final dos anos 1940 até meados dos anos 50.

A suspeita de infiltração comunista no exército e na sociedade americana, resultou numa caça obsessiva a pessoas comunistas e/ou simpatizantes da esquerda.

James Dalton Trumbo, [1905/1975]roteirista e romancista, membro do Hollywood Ten, um grupo de profissionais da indústria cinematográfica que se recusou a testemunhar e denunciar os companheiros da mesma, perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito montada em 1947 pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para averiguar a suposta infiltração na indústria de cinema.

Portanto é preso. O episódio dá origem ao filme TRUMBO: LISTA NEGRA, na qual estes profissionais estariam inclusos e ,em sendo assim, teriam sido impedidos de trabalhar.

Hedda Hopper [1890/1976],colunista influente de jornal de fofocas ,defende um discurso esquizofrênico e monocórdico para seus pares, em nome dos Direitos Americanos de um nacionalismo exacerbado contra um inimigo comum.Propositalmente , Jay Roach, diretor, (responsável pela bem- sucedida série Austin Powers) passeia a câmera pela platéia “uniforme e branca”.

Muito bem caracterizada por Helen Mirren , Hopper é o retrato da elite (americana ?) que ora pincela em tintas cordiais ora as carrega de ameaças, para tornar seu discurso digno de fé .

Entretanto os pontos altos do filme são dados pela cumplicidade e apoio familiar ,que, apesar dos conflitos gerados pela necessidade de sobrevivência, ainda dá o tom da coerência entre discurso e ação do personagem.

Após 11 meses de prisão retorna e continua escrevendo roteiros, com remuneração aquém de sua performance e, ainda assim é premiado e reconhecido ,e mesmo no anonimato é perseguido pelos seus ferrenhos opositores, que finalmente são obrigados

a se render à sua excelência ,tendo sua autoria reconhecida pela indústria que o havia abandonado temporariamente.

No discurso final,o olhar de Trumbo(ator Bryan Lee Cranston) varre um mar de rostos ,um por um ,com atenção, cuidado , respeito, remorso, e a compaixão pela situação imposta que os fizeram machucar-se uns aos outros.Um pensador infalível, vigiando seus iguais com um entusiasmo exausto e uma dignidade solitária .

Para quem tem olhos de ver e compartilhar do nó na garganta ,com o choro contido e amargurado da mulher Cleo Beth Fincher(Diane Lane)quando Trumbo finalmente reassume seu lugar no cenário cinematográfico.

E ,vibrar ,quando a sua resoluta filha Nikola Trumbo (Elle Fanning ) que segue seus passos , se alia ao Movimento pelos Direitos Civis dos negros, e o provoca para reassumir sua autoria e receber seus prêmios.(OSCAR por The Brave One (1956)e Roman Holiday(1953) entre outros.

Sugiro que assistam até o fim , quando da descida dos créditos e possam assistir ao depoimento emocionado do roteirista ao homenagear a filha a quem dedica o Oscar recebido.

O rumor que sobe de todos os cantos do Planeta, esta angústia que por séculos reúne rancores e ódios dispersos, pode entoar o canto de uma terrível colheita.

“Todo comunismo que fracassa chama seu fascismo. Mas todo fascismo que fracassa chama seu comunismo. A antítese assume facilmente o lugar do argumento.

Quando a filha Nikola,ainda menina, pergunta a Dalton se ela é comunista e ele a questiona: “Se você levar para a escola um sanduiche que você gosta muito e um amigo estiver sem lanche. Você compartilha sem pestanejar e sem se arrepender? E ela responde que sim.”

Claro que não podemos deixar de ignorar os radicalismos e barbárie que cada facção política e/ou religiosa carrega em si.

Entretanto a grandeza deste filme-documento que tem sido ignorado pela mídia,é um hino aos amanhãs, que cantam em uníssono ,que não basta fotografar uma época para que nasça uma literatura majestosa.

A revolução liberta nas palavras seu potencial máximo.

Forja novas consciências , provoca a urgência da reflexão e tenta sacudir uma burguesia moribunda e grávida de um passado remoto.

O discurso carregado de metáforas elípticas está morto.

E este luto dá lugar ao renascimento.E o prodigioso talento de Dalton Trumbo eclode com um poder exorcizante e com o silêncio eloquente que descansa nas grandes obras ,apesar do cinismo e da cegueira.

Hoje, atuante e atual, este filme vem elucidar as injustiças que se cometem penalizando os “pensamentos” contrários ao sistema vigente.

Vida e obra do roteirista Dalton Trumbo, por Shellah Avellar – GG (jornalggn.com.br)

JARDIM DAS PAPOULAS Shellah Avellar

A UTOPIA

Nestes meus delírios utópicos de tentar me desprender de realidades submersas em pesadelos medievais, de massacres do homem pelo próprio homem, da corrupção que se infiltra por sordidez, sigo coxeando tentando estabelecer uma auto-disciplina que me remeta ao espírito de um sacrifício militante.

Tentando definir meu lugar no espaço aqui e agora.

Quem sou eu? Para onde vou?

Tentando abraçar uma causa sem causa?

Amainar minha consciência de que tenho feito a minha parte.

E, que parte é esta? É enganar a mim mesma de que estou no lado certo? Que lado é este?

Martela em mim o questionamento: Se existe lado já não é a paz. Já não é harmonia.

Se é partido, não é integral.

O que nos separa? O que nos une?

Por conta de uma questão crucial em minha trajetória nesta “encadernação”, me remeto aos Mortos e Desaparecidos pela Ditadura Militar de 1964 a 1988.

E às sequelas físicas, emocionais, sociais  e morais de seus protagonistas e de seus coadjuvantes, cujas chagas ainda sangram em solo brasileiro num grito surdo por Memória , Justiça , Verdade e Reparação.

Como coadjuvante deste romanceiro grotesco e de imoralidades trágicas, me permito sonhar com um Centro De Referência de Reparação Psíquica para Vítimas de Violência do Estado.

E, arquiteta que sou, de direito e de fato, projeto nas nuvens, uma ascensão sacramental para os esquecidos e invisíveis heróis de nosso holocausto brasileiro.

E, poder fazer desta loucura um espasmo repetido que se liberta das correntes bárbaras  da inação, me ordeno: Vá!

Relembro Rumi “Look where you step. You will avoid a false step and you will be saved from stumbling”

O UNIVERSO CONSPIRA

Num dos AUÊs da Praça Vladimir Herzog, sob a batuta do Jornalista Sérgio Gomes, onde uma vez por mês, nos perdemos nos abraços da imprensa bem-pensante e dos movimentos sociais, encontro, com o amigo, agora “Hermano”, Salmir Salman.

Comento com ele, en passant, sobre meu devaneio e ele me diz que irá acontecer o VI ENCONTRO BRASILEIRO DE SERVIÇOS DE CUIDADOS PALIATIVOS.

Teve a gentileza de me convidar e, mal sabia eu, que a metafísica me arrancaria do curso das coisas e me lançaria numa viagem mais fantástica que chocolates.

DESEMBARQUE

E, assim, desembarco no Centro de Convenções do IAMSPE, dia 21 de setembro às 8h da matina.

Dou de cara com Samir Salman e Emiliano Castro, na escada de acesso.Sorte minha.

Samir me presenteou com o passaporte e eu lhe entrego meu livro MULHER NA PALMA DA MÃO, que é o passaporte para o resgate do feminino. E não é disto que se trata o cuidado?

Passeio pelos espaços. Encontro a doce Gleicy, amada esposa de Samir, no toilette. Nos demos um abraço caloroso.

Vou tomar um café, passo os olhos nos banners e dois senhores com sorriso largo me estendem a mão.

Empatia imediata. Seus nomes? Adel (O Justo) e Adinam(O Mestre), irmãos de Samir. Que beleza!

Conversamos sobre Família Árabe, tradições orientais, poesia e ancestralidade, num átimo de segundo. Me apresentam O filho de Samir e o genro.

Família genuinamente árabe é assim. Todos prestigiam, colaboram e põem a mão na massa.

E, me pus a bailar entre os Salões.

Elifas Andreato me recebe e diz que estou no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas.

Me proíbe de pecar contra a Esperança. Lanço- lhe uma piscadinha e agradeço o sinal.

 A VIAGEM

E aí , adentro o auditório ávida por conhecimento.

Lá está a figura mignon, carismática e delicada de Ana Luiza Zaniboni Gomes, que com seu brilho peculiar, alinhava as pessoas, cada uma com seu expertise, dentro de seu nicho de atuação, de cada país convidado: As fantásticas  [ Paola Ruiz -Colômbia ,Liz Bryan – Reino Unido, e a entidade Rajagopal – Índia),e dos jovens e veteranos da Saúde, de todos os cantos do Brasil em Cuidados Paliativos.

Tudo o que vi foram sorrisos largos e olhos brilhantes.

Muita competência e entrega. Ainda faltam aplausos, que ecoarão para sempre em minha alma em festa.

Comprometimento. Seriedade. Vontade de acertar. Companheirismo. Alegria.

COMPAIXÃO

E, apesar de estar absolutamente impactada com todos os depoimentos, experiências compartilhadas e pessoas únicas, com a reverência com adornos de oblação, no momento, vou focar no meu grito primal: A ÍNDIA.

M.R. RAJAGOPAL  

Chairman, Pallium India, and Director, Trivandrum Institute of Palliative Sciences Trivandrum, Kerala, India

Home – Pallium India | Pallium India

O que já nos irmana é termos a mesma referência : MAHATMA GANDHI.

Converso mentalmente com Gandhi e agradeço por ter me levado até ali.

E, assim, mergulho no documentário HIPOCRÁTICO e nesta beleza imensa, que é RAJAGOPAL.

O jeitinho franzino, o sorriso límpido, transparência no olhar, simplicidade e a grandeza em sua mais completa tradução.

Me ajeito na cadeira. Relaxo.Confio.

E, me deixo levar pelas mãos amorosas deste Semeador  de Papoulas.

Apesar de sua exposição ter o fio condutor de frases e pensamentos de Gandhi, Aqui me atenho a um:

LIVE AS YOU´LL GONNA DIE TOMORROW.

LEARN AS YOU WANNA LIVE FOREVER.

Tudo o que foi falado e mostrado está no conteúdo riquíssimo do Encontro. Qualquer coisa que eu acrescente vai redundar. Portanto me atenho ao lirismo.

Encontro Brasileiro de Serviços de Cuidados Paliativos | EBSCP2023 | Encontro Brasileiro de Serviços de Cuidados Paliativos – 6ª Edição (congresse.me)

SAMIR SALMAN , O Jardineiro

Este menino que carrega a ancestralidade árabe, é o Superintendente do Instituto Premier.

No seu DNA está impressa a sabedoria dos Beduínos que se arriscam às tempestades dos desertos, mas, sabem onde está o Oásis.

Ele, silenciosamente, age, articula, promove, faz acontecer e no fim das contas, quem ganha, somos todos nós.

Firme em suas colocações, nos mostra que conhece o seu lugar e o ocupa.

E nos sinaliza com a fraternidade viril do médico que não se alimenta da putrefação do ser humano, e, sim, de resgatá-lo da agonia.

Aposta também na força da fantasia, deixando operar maravilhas na ordem pré estabelecida.

Traz com ele um séquito de mãos dadas a começar pela própria família, contaminando a todos.

E, claro, para isto se alia à Arte e ao talento de jovens despojados e heróicos tais como o músico Emiliano Castro, que ao alentar os pacientes, também envolve a equipe de saúde, temperando tudo com dignidade e movimento.

Me despeço deste Oásis, absolutamente plena. E acreditando numa humanidade possível.

E, é claro que é apenas um até logo.

Cabeça fervilhando de ideias e esperança para lá além das estrelas.

PAPOULAS

Com uma reflexão profunda sobre as Papoulas, seu significado  e efeitos.

Pertencem à família das Papaveraceas. Papaver somnipherum de onde se extrai o ópio.

Originária da Suméria, Egito e Mesopotâmia é  utlizada  há mais de 6000 anos.

Como a natureza é sábia, ela já nos apresenta alívio para nossas dores.

E , embora a India seja um produtor autorizado de papoulas, muito pouco sobra para o sofrido povo indiano.

Hipócrates, médico da Antiga Grécia, foi um dos primeiros a descrever os efeitos medicinais da Papoula para tratar diversas doenças.

Em Roma, o ópio extraído da Papoula era utilizado para tratar os gladiadores.

Com o advento da Expansão Marítima e as rotas comerciais, o ópio da Papoula acabou se tornando mais conhecido e comercializado.

No início do século XVI, o uso do ópio se difundiu pela Europa. Nesse período a Igreja Católica combateu o seu uso e começou a controlar os remédios à base de ópio.

Paracelso, o famoso médico e alquimista suíço, elaborou um concentrado de suco de Papoula, o Láudano, com propriedades de curar muitas doenças e rejuvenescer. Esse fato provocou a popularização do ópio no mundo ocidental.

Por volta de 1803, o cientista alemão Frederick Sertuener, constatou que os  princípios ativos da Papoula produziam efeitos diversos. Do ópio se obteve um cristal alcalóide de efeito muito intenso: a morfina, utilizada como componente em medicamentos alopáticos para casos de dores intensas e muito fortes.

O ópio é extraído a partir do látex contido nas cápsulas que não atingiram a maturação. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, ainda verde, se obtém um suco leitoso que é o ópio, que contém cerca de 25 alcalóides, o mais importante deles é a morfina, presente em até 20% no ópio.

O nome científico da planta “somniferum” relaciona-se a sono. A origem do nome “morfina”, está relacionada ao deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos. E essas relações são bem significativas pois o ópio e a morfina atuam como depressores do sistema nervoso central.

O ópio contém outras substâncias, como a codeína e, também, se obtém a heroína, uma substância semissintética, resultante de uma alteração química na fórmula da morfina. Todos os alcalóides do ópio são narcóticos e produzem dependência.

A Organização Mundial de Saúde considera os opiáceos, à base de morfina, medicamentos necessários por serem eficazes para o alívio das dores muito fortes.

A LENDA DAS PAPOULAS

Para os antigos gregos, a Papoula era o símbolo do esquecimento e do sono.

Na mitologia grega, a Papoula estava associada a Hipnos, o deus do sono, pai de Morpheu. Considerado na Mitologia Grega, o deus dos sonhos, Morfeu é representado segurando Papoulas em sua mão.

Nix, deusa das Trevas, filha do Caos, em sua representação aparece coroada de Papoulas e envolta num grande manto negro e estrelado. De acordo com a Mitologia Grega, ela  vive no Tártaro, entre o Sono e a Morte, seus dois filhos.

Os sumérios consideravam a Papoula símbolo de Alegria.

A Papoula, para os antigos romanos, era símbolo da deusa das plantas, Ceres, cuja imagem é representada segurando estas flores.

Na Idade Média, a Papoula era associada ao sacrifício de Jesus, aparecendo em muitos afrescos retratando a Paixão de Cristo.

As Papoulas se tornaram símbolo dos soldados mortos, na Primeira Guerra Mundial, pois, nos mesmos campos que eles morreram, floresceram estas flores.

Em um dia de junho, Perséfone, a bela filha de Zeus e deusa da Terra, colhia flores, quando foi sequestrada por Plutão, deus do submundo, que queria torná-la sua noiva.

A mãe de Perséfone, chamada Deméter, ao descobrir que sua filha passaria o resto de sua vida no submundo, correu para pedir ajuda à Júpiter, mas ele não fez nada. Deméter, sentindo muita dor e revolta, decidiu não se importar mais com a Terra.

Naquele momento, Júpiter, percebeu a gravidade da situação, pois as criaturas da Terra iriam morrer, então, ele resolveu intervir e conversar com Plutão para convencê-lo a deixar Perséfone retornar à Terra, e passar metade do ano com seus pais e Plutão consentiu.

Cada vez que Perséfone retornava à Terra, as papoulas vermelhas floresciam.

E, assim finalizo a minha jornada, convicta de que visitei um magnífico Jardim de Pessoinhas-Papoulas.

Que trazem o alento, o alívio do toque , da atenção inesgotável.

A obra prima  de se tornar presente.

Não estão se  submetendo à história. A escrevem.

NAMASTÊ!

OCTOPUS GARDEN      Shellah Avellar

UTOPIA

In my utopian delusions of trying to detach myself from realities submerged in medieval nightmares, from massacres of man by man himself, from the corruption that creeps in through sordidness, I continue limping around trying to establish a self-discipline that reminds me of the spirit of a militant sacrifice.

Trying to define my place in the space here and now.

Who am I? Where am I going?

Trying to embrace a cause without a cause?

To soften my awareness that I have done my part.

And what part is this? Is it fooling myself that I’m on the right side? Which side is this?

The question hammers home at me: If there is a side, it is no longer peace. It is no longer harmony.

If it is a party, it is not integral.

What separates us? What unites us?

Because of a crucial issue in my trajectory in this “binding”, I refer to the Dead and Disappeared by the Military Dictatorship from 1964 to 1988.

And to the physical, emotional, social and moral sequelae of its protagonists and their supporting characters, whose wounds still bleed on Brazilian soil in a deaf cry for Memory, Justice, Truth and Reparation.

As an adjunct to this grotesque novelist of tragic immoralities, I allow myself to dream of a Reference Center for Psychic Reparation for Victims of State Violence.

And, architect that I am, in law and in fact, I project in the clouds, a sacramental ascension for the forgotten and invisible heroes of our Brazilian holocaust.

And to be able to turn this madness into a repeated spasm that frees itself from the barbaric chains of inaction, I command myself: Go!

I remind Rumi: “Look where you step. You will avoid a false step and you will be saved from stumbling”

THE UNIVERSE CONSPIRES

In one of the AWÊs of Vladimir Herzog Square, under the baton of the journalist Sérgio Gomes, where once a month, we get lost in the embraces of the well-thinking press and social movements, I meet with my friend, now “Hermano”, Salmir Salman.

I comment to him, en passant, about my reverie and he tells me that the VI BRAZILIAN MEETING OF PALLIATIVE CARE SERVICES will take place.

He was kind enough to invite me, and little did I know that metaphysics would pull me out of the course of things and launch me on a journey more fantastic than chocolates.

DISEMBARKATION

And so, I disembark at the IAMSPE Convention Center, on September 21 at 8 am.

I bump into Samir Salman and Emiliano Castro on the stairs. Lucky me.

Samir presented me with the passport and I gave him my book WOMAN IN THE PALM OF THE HAND, which is the passport for the rescue of the feminine. And isn’t that what care is all about?

Immediate empathy. Their names? Adel (The Righteous One) and Adinam (The Master), Samir’s brothers. What a beauty!

We talked about the Arab Family, oriental traditions, poetry and ancestry in the blink of a second. They introduce me to Samir’s son and son-in-law.

A genuinely Arab family is like that. Everyone honors, collaborates and gets their hands dirty.

And I started dancing between the halls.

Elifas Andreato welcomes me and says that I am in the right place at the right time and with the right people.

Forbid me to sin against Hope. I give him a wink and thank him for the sign.

THE JOURNEY

And there, into the auditorium eager for knowledge.

There is the mignon, charismatic and delicate figure of Ana Luiza Zaniboni Gomes, who with her peculiar brilliance, aligned people, each with their expertise, within their niche of activity, from each invited country: The fantastic [Paola Ruiz -Colombia, Liz Bryan – United Kingdom, and the “Entity” M.R.Rajagopal – India), and the young people and veterans of Health,  from all corners of Brazil in Palliative Care.

All I saw were wide smiles and bright eyes.

A lot of competence and dedication. There is still applause to be received, which will echo forever in my soul in celebration.

Commitment. Seriousness. Willingness to get it right. Companionship. Joy.

COMPASSION

And even though I’m absolutely impacted by all the testimonies, shared experiences and unique people, with the oblation adornment, for the moment, I’m going to focus on my primal cry: INDIA.

M.R. RAJAGOPAL  

Chairman, Pallium India, and Director, Trivandrum Institute of Palliative Sciences Trivandrum, Kerala, India

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What makes us brothers is that we have the same reference: Mahatma Gandhi.

I mentally talk to Gandhi and thank him for taking me there.

And so, I dive into the documentary HIPPOCRATIC and this immense beauty, which is RAJAGOPAL.

The slight way, the clear smile, transparency in the eyes, simplicity and greatness in its most complete translation.

I settle back in my chair. I relax. I trust.

And, I let myself be led by the loving hands of this Poppy Sower.

Although his exposition has the common thread of Gandhi’s phrases and thoughts, Here I stick to one:.

LIVE AS YOU´LL GONNA DIE TOMORROW.

LEARN AS YOU WANNA LIVE FOREVER.

All that has been spoken and shown is in the very rich content of the Meeting. Anything I add will redound. So I stick to lyricism.

SAMIR SALMAN , THE GARDENER

This boy, who carries Arab ancestry, is the Superintendent of the Premier Institute.

In its DNA is imprinted the wisdom of the Bedouins who risk the storms of the deserts, but they know where the Oasis is.

He silently acts, articulates, promotes, makes it happen and at the end of the day, who wins, is all of us.

Firm in his positions, he shows us that he knows his place and occupies it.

He brings with him an entourage hand in hand, starting with his own family, contaminating everyone.

And, of course, for this he joins the Art and talent of detached and heroic young people such as the musician Emiliano Castro, who by encouraging the patients, also involves the health team, seasoning everything with dignity and movement.

I say goodbye to this Oasis, absolutely full. And believing in a possible humanity.

And, of course, it’s just a goodbye.

Head buzzing with ideas and hope beyond the stars.

POPPIES

With a deep reflection on Poppies, their meaning and effects.

They belong to the Papaveraceae family. Papaver somnipherum from which opium is extracted.

Originating in Sumer, Egypt and Mesopotamia, it has been used for more than 6000 years.

As nature is wise, she already presents us with relief from our pains.

And while India is an authorized producer of poppies, there is very little left for the long-suffering Indian people.

Hippocrates, a physician from Ancient Greece, was one of the first to describe the medicinal effects of the poppy to treat various ailments.

In Rome, opium extracted from the poppy was used to treat gladiators.

Paracelsus, the famous Swiss physician and alchemist, made a concentrate of poppy juice, laudanum, with properties of curing many diseases and rejuvenating. This fact led to the popularization of opium in the Western world.

Around 1803, the German scientist Frederick Sertuener, found that the active principles of the poppy produced various effects. From opium was obtained an alkaloid crystal of very intense effect: morphine, used as a component in allopathic medicines for cases of intense and very strong pain.

Opium is extracted from the latex contained in capsules that have not reached maturity. By making cuts in the poppy capsule, still green, you get a milky juice that is opium, which contains about 25 alkaloids, the most important of which is morphine, present in up to 20% in opium.

The scientific name of the plant “somniferum” relates to sleep. The origin of the name “morphine” is related to the god of Greek mythology Morpheus, the god of dreams. And these relationships are quite significant because opium and morphine act as central nervous system depressants.

Opium contains other substances, such as codeine, and heroin, a semi-synthetic substance, is also obtained from a chemical change in the morphine formula. All opium alkaloids are narcotic and addictive.

The World Health Organization considers morphine-based opioids to be necessary drugs because they are effective in relieving severe pain.

THE LEGEND OF POPPIES

For the ancient Greeks, the Poppy was the symbol of forgetfulness and sleep.

In Greek mythology, the Poppy was associated with Hypnos, the god of sleep, father of Morpheus. Considered in Greek mythology, the god of dreams, Morpheus is depicted holding poppies in his hand.

Nix, goddess of Darkness, daughter of Chaos, appears crowned with Poppies and wrapped in a large black and starry cloak. According to Greek Mythology, she lives in Tartarus, between Sleep and Death, her two sons.

The Sumerians considered the Poppy a symbol of Joy.

The Poppy, for the ancient Romans, was a symbol of the goddess of plants, Ceres, whose image is depicted holding these flowers.

In the Middle Ages, the Poppy was associated with the sacrifice of Jesus, appearing in many frescoes depicting the Passion of Christ.

Poppies became a symbol of the soldiers killed in the First World War, because in the same fields where they died, these flowers bloomed.

One day in June, Persephone, the beautiful daughter of Zeus and goddess of the Earth, was picking flowers, when she was kidnapped by Pluto, god of the underworld, who wanted to make her his bride.

At that moment, Jupiter realized the gravity of the situation, as the creatures of Earth were going to die, so he decided to intervene and talk to Pluto to convince him to let Persephone return to Earth, and spend half the year with her parents and Pluto consented.

Each time Persephone returned to Earth, the red poppies bloomed.

And so I end my journey, convinced that I have visited a magnificent Garden of Little Poppy Pessoirs.

That bring the breath, the relief of touch, of inexhaustible attention.

The masterpiece of becoming present.

They are not submitting to history. Write it.

NAMASTE!

MULHER NA PALMA DA MÃO Shellah Avellar

Projeto Colóquio das Diferenças para Debater as Igualdades : Professor Jesus Freire

ESCOLA ESTADUAL PROF FLAVIO OSORIO NEGRINI

LUGAR DE MULHER É ONDE ELA ESTIVER

E,para encerrar a noite, após 2 palestras e Rodas de Conversa com Alunos e Mestres da Escola Estadual Flavio Negrini, me deparo com a Mulher policial às 23:45H exercendo seu ofício, sozinha ,cuidando da segurança das pessoas, na Vila Das Belezas.Que Beleza! #oAmorSIM

ZÉ CELSO MARTINEZ , O INCENDIÁRIO Shellah Avellar

Não. Eu não tenho foto nem selfie com o Zé Celso Martinez.

Não sou atriz, nem pertencia a seu círculo de amigos nem de profissionais de sua área de atuação.

E também não era assídua espectadora no Teatro Oficina, embora já tivesse assistido a algumas montagens por lá.

Vou me ater aos últimos anos da pandemia para cá.

Por conta da polarização política demoníaca que se instaurou no país, resolvi adotar uma hastag  #oAmorSIM , dado o ódio que povoava as redes sociais, as famílias, as relações de amizade e corporativas  e a mídia tradicional.

Apenas porque tentava me manter lúcida e íntegra, meio às inverdades e ausência de sensatez que assolaram o Brasil.

O que virou uma espécie de grito desesperado em busca de harmonia.

Postava e posto ainda, quando passo os olhos nas redes sociais e me sinto mobilizada sensorialmente por qualquer mensagem de qualquer pessoa, seja minha conhecida ou não.

Completamente descompromissada de engajamentos de qualquer espécie.

O Zé Celso, sempre respondia gentilmente às minhas postagens. Carinho que prezo. Elegância que inspira. Gentileza que arrebata. Respeito pela simplicidade da hastag, mas, principalmente, pela compreensão do alcance pragmático do sentido.

Por conta de seu encantamento, no dia 06 de julho de 2023, num nos vídeos que foram resgatados, em sua homenagem, por ocasião de sua anistia política, em que ele diz que olhou um de seus torturadores nos olhos e percebeu que o homem “ era gente que nem ele”.

Facebook

O cordão que se formou de seus discípulos, amigos e admiradores, no Teatro Oficina, seu Santuário, nos trouxe a afirmação absoluta  da vertigem orgástica que distingue este seu EU, que resiste à sua passagem fatal.

Uma intensidade maior que todo o resto, como se através daquele coro dionísico, você gritasse : – Sou Aquilo que fiz.

Sua biografia está impressa em fogo nos palcos do mundo que você forjou no seu Teatro Oficina, onde a arte permanece e promove a combustão contínua pela qual o amor mantém os seres colados  um ao outro.

Este amor, coito de larvas, revelou a sua verdade de ser pleno.

A sua experiência de amor, como uma fenda que se abre na garganta humana foi mais do que o estado de felicidade, mas, sim, um grito primal que cooptava com as trevas à guisa de cena iniciática.

Sua mistagogia é a comunhão do futuro.

O seu calor celebrou bodas inaudíveis, que misturava o inumano abjeto e inocente num solilóquio furioso nos confins do espasmo.

Incendiou a si mesmo, numa convulsão, ora fraternal, ora efervescente.

E, assim, chamuscados, tentaremos seguir adiante, nos perguntando se já fizemos amor bastante, nesta guerra de homens por solidariedade e paz.

Obrigada, Zé.

#oAmorSIM