Para GUIMARÃES feito ROSA shellAHAvellar

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Inspirada em a TERCEIRA MARGEM DO RIO

As pessoas não se morrem.Se pegam de encantamento.

E o rio..corre. Um crescer e desconter-se . O de fugir para um espaço em branco.

E a vida?

Um constado de diversidades que podiam doer na gente,nem pelo antes,mas pelo depois.

A vida se passa assim como que num rio.

Hoje menino amanhã feito homem.

Põe família.Coisas de comer que não se iam de fazer míngua.

A mulher- moça que antes vivia nos docementes. Hoje enfeitada de disparates..

Alguma coisa não vigorava certa ,nem no tom nem no dizer das palavras.

Noutro derrepente. Do meu mais longe.

Assim num consumiço sem despedida nenhuma.

Que nem eles nem elas haviam de poder entender.

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GUIMARÃES exala ROSAS shellAHAvellar

Quando minha filha me contou que alguns colegas e ela iriam montar um projeto inspirado em Guimarães Rosa,fiquei encantada.Sim.Porque Guimarães me encanta sobremaneira.

Tudo nele repercute em mim de uma forma turbulenta e amorosa.Não que uma coisa seja sinônima da outra..Mas porque Guimarães é este complexo de sentimentos “ avessados” que caracterizam sua arte exposta como ferida que a gente carrega e lambe com medo de se curar e de se esquecer do sábio percurso que permeia a doença .

Guimarães tem ritmo e silêncios ensurdecedores.Guimarães se reinventa nos deixando perplexos.Eterniza-se em cada sílaba,que parece estar ali para nos sobressaltar continuamente para não olvidarmos a nossa triste condição de mortais .Entretanto generosamente nos presenteia com a imortalidade em cada grito calado.

Assisti ao início do processo num apresentação intimista em junho deste ano.E minha colocação junto ao orientador ,diretor e atores foi naquele momento não ter reconhecido Guimarães ,em sua mais completa tradução.Foi muito reconfortante o camarada bate-papo pós- apresentação,com almoço estendido.A Escola Livre de Teatro permite este entrosamento.

Daí…tempos depois,dia 25 de outubro,fui assistir à estréia da Mostra do Processo.Que delícia poder comprovar a evolução do processo e o amadurecer dos atores Rodolfo Chagas,Renata Santos e Ayiosha Avellar .A cenografia de Leon .A luz de Fernando Melo..A direção do jovem diretor Filipe Ramos sob a batuta do orientador Luiz Fernando Marques(LUBI).

Tudo ali transpirava Guimarães em seu conto A Terceira Margem do Rio.Saí de lá feliz por ter tido a oportunidade de presenciar o resultado.Manifestei minha satisfação e saí de lá repleta.Vontade de ficar sozinha e de saborear aquele momento internamente.

Minha filha cresceu e não percebi.Como nenhuma mãe aceita que seu bebê cresça e caminhe por suas próprias pernas.Mas a atriz ,essa sim..embora ainda tenha uma longa estrada..já está no caminho.

Hesitei muito em escrever sobre isto,porque fica um tanto o quanto cabotino falar da própria carne.Mas o teatro visceral que respiro na ELT me leva a um passado de chumbo e glórias.Dores e Conquistas.Me vejo ali naquele grito calado de Guimarães e revejo minha trajetória até aqui.Não sei o que vem poraí mas sei que até aqui já posso me locupletar de não ter me devastado em vão.

E,como disse pra mim ,noutro dia, um senhor muito simples,”a vida é uma farra”.Ri muito e completei “ tem que saber aproveitar pra não sucumbir à ressaca”.

Vamos então festejar a obra criativa deste grupo de jovens artistas que nos deixam sabor de fruta madura na boca.

Convido a todos a ir lá conferir.

Cia Curva de Rio apresenta:

“DOS DIAS QUE CARREGUEI A AUSÊNCIA NA PONTA DO NARIZ”.

ULTIMAS APRESENTAÇÕES!!!!

Sáb – 01 /Nov 20 h Dom – 02/Nov 19 h

Mostra do núcleo de Direção da Escola Livre de Teatro) Orientação: Luiz Fernando Marques Lubi Direção: Filipe Ramos Atores criadores: Ayiosha Avellar, Renata Santos e Rodolfo Chagas

Concepção de Luz: Fernando Melo

Cenário: Leon Henrico Geraldi Assistência de criação: Julia Anunziato

DEDO EM RISTE shellAHAvellar

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Tenho por hábito comentar fatos que me chamam atenção pelo simples fato de achá-los interessantes. Escrever crônicas sobre coisas simples pelo simples fato de serem simples.

Inventar contos porque contar histórias pode ser um aprendizado mútuo quando se desloca a fantasia da realidade nem tão fantasiosa assim.

Opinar sobre obras de arte ,filmes e peças com o cuidado de falar sobre o que me transpassou, me tocou, me transformou. Talvez nem seja a preferida do grande público ou da crítica especializada mas foi como chegou até a mim.

O que não significa que tudo que deixo de comentar não foi porque não gostei.

Entretanto me deparo às vezes, ou quase sempre, com debates pós-espetáculos de teatro, que me deixam estupefata.

Processos criativos bem embasados e construídos em cima de árduo trabalho de equipe de dramaturgos, atores e diretores e designers de luz,som, figurino e cenografia,se expõem à carne viva,tentando perscrutar cada elemento da platéia e obter um consenso que vá ao encontro deste esforço hercúleo .No afã de se despir do orgulho da obra que se apresenta,a equipe deixa de se apropriar da mesma.

Ora, é claro que jamais existirá um consenso. Senso de coletivo é aceitar a diversidade. Saber que nada vai estar pronto. E que a arte por si só é ampla, geral, irrestrita.Se assim não for não será arte.Sem direitos de cidade.Sem formatações.Entretanto qualquer obra tem que ter um ponto de partida ainda que nonsense ,absurda, abstrata ou alternativa.É preciso partir sem amarras ,mas sabendo para onde ir.E este ir pode ser mudado,recheado,transfigurado ou mutilado,mas ainda assim partiu de algum lugar inusitado lá onde os sonhos ou pesadelos acontecem.

Há os críticos que vão ao espetáculo de dedo em riste prontos a metralhar técnicas, vociferar citações , entabular métodos e literalmente “enquadrar a obra”,doa quem doer.

E estes, sim,são os experts.Os que execram a obra.Os que chegam atrasados.Os que xingam a sua mãe.Se você focar no positivo do contexto e nas potencialidades dos atores envolvidos,está se arriscando a ser taxado de paternalista.

Volta e meia me deparo com estas contradições poraí afora.Em algumas universidades, os professores enrolam para dar tempo dos atrasados chegarem.Enquanto isto,os que chegaram na hora tem de amargar esta espera,com um sorriso amarelo.E um “Tudo Bem!”.

Num certo colégio de elite que dei aulas há uns anos atrás,o nível de conversa na sala dos professores era sempre de baixo calão e o sentimento vigente era o ódio mordaz aos alunos.Houve uma devassa no corpo docente.Ficou somente uma das professsoras .Surpreendentemente a mais desequilibrada e a mais ferrenha inimiga dos discentes.

Se você está cansado de focar no positivo,ser solícito ou companheiro, cuidado.

A menos que tenha “bala na agulha” tais como, prestígio, e uma agenda invejável, está arriscado a ser banido de vez de um grupo cujo pertencimento é tão volátil quanto a fumaça daquele cigarrinho amigo do camarada politicamente incorreto mais bem respeitado do planeta.

DA BANALIDADE DA VIDA OU DE “FAZEDORES DE ANJOS” shellAHAvellar

Tenho pensado muito nos últimos tempos, eu diria “quase todo dia”..sobre estes públicos de risco e em situação de exclusão.

Mas apesar de ser sensível e solidária a todo este leque de pessoas sob ataques e perseguições estúpidas, a questão da mulher e seu lugar no mundo,volta sempre a incomodar.

Até porque também faço parte deste target.

Ontem, no final da tarde, na fila do supermercado, uma senhora entrou meio apavorada dizendo que o vigia de uma casa em obras no Brooklin, encontrou morta ,uma menina de aparentemente 10 anos, com sinais de violência e estupro.

As reações ?Normais, de espanto,e indignação.E não faltou quem dissesse que as meninas “de hoje” aos 10 anos já parecem mulheres , e se vestem de maneira extremamente sensual.

Daí, me veio à cabeça ,a mulher saudita que foi estuprada e “de quebra “,por isto,recebeu 200 chibatadas e prisão por 6 meses.

E , pensei na menina.Que nome teria? Teria pais vivos e presentes? O que estaria fazendo porali?

Resolvi batizá-la de “Angel”.E tentei desenhá-la no auge de seus dez anos: -Será que ia à escola?Fazia todas as refeições do dia?Se tinha sonhos?Se gostava de estudar ? O que será que ela gostaria de ser ,ou vir a ser ou de ter sido? De amar e de ser amada?

E esta coisa me pega e me remexe e me embrulha , num misto de cansaço e solidão.

A gente que escreve, pode esboçar os afrescos do imaginário e dar à menina o retrato que merece: -”simplesmente menina.”

Penso nas meninas de 10 anos que conheço.Na menina que fui.Na menina que minha filha foi.

Nas meninas –mulheres de todos os matizes que vivem por aí afora.Nas molecagens.No abandono das bonecas e em suas recaídas .Nos bichinhos de pelúcia que vão ficar sem seu abraço companheiro de noites insones ou medrosas.

Dos olhares românticos para aquele menino ou menina especial. Dos diários cor- de- rosa. Dos papéis com marcas do batom das mães. Das intermináveis tagarelices ao celular com as melhores amigas .Dos vestidos floridos e esvoaçantes .Da ansiedade das festas. Das tristezas sem motivo. Da euforia gostosa de simplesmente existir e ter a vida pela frente.

A vida que se banaliza pelo instinto selvagem.Pelo animal que grita e se sobrepõe ao racional impotente.

A vida, que num átimo ,em que a ternura dá lugar às línguas sedentas ,mãos violentas, órgãos invasores,de homens que ignoram a nobreza em si próprios.

Será que tentou resistir ao flagelo?Ou aquela memória não esperava a derrota pra se revelar?

Teria uma fé clandestina que a mantivesse viva? Pra testemunhar seus horrores?

Será que tentou gritar?Será que algum transeunte a ouviu ,mas não tinha “tempo” de parar para averiguar se alguém de sua “raça humana” precisava de ajuda?

Mas ,após o fato “consumado”, muitos destes transeuntes apressados, tem tempo de parar,” para saber o que houve, para ter o que contar quando voltar pra sua casa .

E, alguns destes ficam ali por horas, se alimentando da dor alheia. Para compensar a opacidade de seus dias .E contam um conto mais um ponto. Porque quanto mais sensacional suas invencionices, mais ouvintes gulosos serão saciados. Até a nova tragédia urbana.

Saio correndo do supermercado, apresso o passo, cada vez mais fortemente.

Preciso ir pra casa.Chorar baixinho por Angel, esta desconhecida tão familiar.

A melancolia me leva até o universo das luas , que se compadecem dos artistas e faz brotar de suas feridas, imagens oníricas que o desprendem de sua realidade fúnebre.

E me inebrio com o farfalhar de asas de Angel , que alça vôos mágicos para bem longe das ninharias e dos monstros antropóides que ,com seu bestiário, insistem em molestar as crianças e “fabricar anjos”.

Aceno para Angel,que deixa atrás de si rastros de estrelas e poeira de fim de mundo.

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/08/justica-autoriza-aborto-em-menina-de-10-anos-gravida-apos-estupro-no-espirito-santo.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/08/exame-de-dna-confirma-que-tio-estuprou-e-engravidou-crianca-de-dez-anos-no-espirito-santo-diz-tv.shtml

O DIA EM QUE A LITERATURA DEIXOU DE EXISTIR

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E Fez-se o Caos.

Estabeleceu-se a treva.

De repente, tudo era escuridão. As cores foram se desbotando até se perderem no zoom-in de um tempo sem nenhum lugar. O tênue limite entre Céu e Terra se esvaiu numa fumaça bolorenta. O chão se fez lodoso, e a aridez tomou conta de tudo.

Já não havia formas, somente projeções de sombras da sombra propriamente dita.

Não havia som.

A explosão do início, repetiu um Big- Bang às avessas, implodiu o Planeta, as galáxias e as estrelas e o universo inteiro até se afundar num buraco negro.

Não havia mais identidade

Perderam-se as referências. Era apenas um deserto de almas penadas.

As letras despencavam aflitas. As vírgulas se contorciam sem direção.

As exclamações se amuaram. As interrogações desistiram das respostas.

As figuras de sintaxe se esfacelavam invertendo as elipses, zeugmas e hipérbatos.

As metáforas confundiam os sentidos figurados e a verdade.

Sujeitos foram envenenados e verbos ficaram sem objetos diretos.

As fitas do DNA das palavras se dissolviam numa sopa de ignorância absoluta.

Artistas, professores, escritores e intelectuais num átimo de desespero tentavam ressuscitar a criatividade.

Heróis, mitos, bandidos e malfeitores trocaram de personalidade e se fundiram numa coisa só, desconstruindo ilusões de um final feliz.

Aventuras e ficções se tornaram uma realidade apocalíptica.

As histórias se metamorfoseavam em estórias retratando apenas anti-memórias e as fábulas faziam triunfar o diabo e suas armadilhas.

O átomo se desintegrou, engolindo as partículas, contrariando Newton, relativizando Einstein, e deixando a ciência, nos limites do perplexo.

Finalmente o mundo era uno, sem diversidades.

Lá se foram as tradições e as castas. A oposição deixou de ter sentido. A subtração odorífica, deu lugar à insipidez. E a solidão se fez presente, inundando os restos de nossa possível esperança.

Signos, sinais, sentimentos e pensamentos queimavam num inferno sem chamas e sem calor.

Flutuando no vazio de mim, me permiti experimentar a desistência. Simplesmente me morri, quando O FASCE sentenciou:

– “A partir de agora, a Literatura deixa de existir.”

A palavra “fascismo” vem do italiano fascio, que significa “feixe”. Na Roma Antiga, O FASCE (versão em latim da palavra), era um machado revestido por varas de madeira. Ele geralmente era carregado pelos lictores, guarda-costas dos magistrados que detinham o poder. O FASCE era um símbolo de autoridade e união: um único bastão é facilmente quebrável, enquanto um feixe é difícil de arrebentar.

https://super.abril.com.br/historia/voce-sabe-o-que-e-fascismo-entenda-o-termo

https://exame.com/economia/proposta-de-guedes-para-taxar-livros-e-golpe-fatal-para-editoras/

UM BOM ABRAÇO SE DÁ DE PÉ ShellahAvellar

Conheci pessoalmente Audálio Dantas 17 de agosto de 2013, na FNAC Pinheiros, no Lançamento do projeto Entrevista Aberta de Guilherme Azevedo, do Portal Jornalirismo. Tive a oportunidade de lhe fazer tantas e tantas perguntas sobre seu livro As Duas Guerras de Vlado Herzog e também sobre sua trajetória no Jornalismo e na luta pelos Direitos Humanos.

Menina ainda, nos anos 60, no Rio de Janeiro, já tinha lido, na Revista Cruzeiro sobre sua “descoberta” Carolina de Jesus e seu Quarto de Despejo.

E nos Anos 70, na Revista Realidade sua matéria Povo Caranguejo sobre os Catadores de Caranguejo do Mangue da Aldeia Livramento na Paraíba.

Nem eu mesma tinha noção da importância daquele momento histórico, até começar a entrevista. Debatemos sobre Jornalismo Literário, minha paixão, até que finalizei a entrevista com uma última pergunta.

-E se Vlado Herzog, estivesse aqui agora, qual a pergunta que você gostaria de ter feito,   e deixou de fazer a ele?

Audálio parou, e seu silêncio grave, durou um minuto. Respirou e disse: -Você faz muitas perguntas difíceis…(todos rimos)

E ele respondeu: Vlado,por que você disse à Repressão que não era comunista, no seu interrogatório?

E eu disse: -Você já respondeu a esta pergunta, quando deu ao seu livro o título de AS DUAS GUERRAS DE VLADO HERZOG.

Ele disse:-Como assim?

Respondi:-Talvez porque já tivesse fugido de uma guerra, e agora enfrentando mais uma, na própria pele dilacerada, e de sua impotência frente a uma realidade brutal, tenha sentido medo. E o desespero pode provocar reações imprevisíveis.

Ali encerrou-se a entrevista e começou uma profunda amizade de respeito mútuo.

http://www.jornalirismo.com.br/videos/documentario-entrevista-aberta-com-audalio-dantas/

https://www.youtube.com/watch?v=ipX3pt-eQyk

Voltei a entrevistar Audálio Dantas, numa matéria sobre o Desaniversário do Golpe Militar em março de 2014.

http://www.jornalirismo.com.br/jornalismo/desaniversario-do-golpe-ser-de-esquerda-ontem-e-hoje/

Daí, já nos frequentávamos. Conheci sua família linda, Sua esposa, a guerreira Vanira Kunc. Sua doce e talentosa filhotinha Mariana  e a portentosa Juliana que lhe seguiu os passos. Bem como os filhos de outro casamento e de seus leais amigos .Estive presente em vários lançamentos e comemorações familiares e de honra a seu reconhecido mérito.

Mas, nada se compara à sua indicação ao prêmio Averroes 2017.

Em duas etapas. O dia da comemoração da indicação e o dia da entrega propriamente dita.

A mais perfeita tradução destes eventos é a seguinte: Um festival de Afetos.

Lá estavam pessoas que realmente lhe amavam e reverenciavam.

E, mesmo os que não se conheciam, sorriam uns para os outros, confraternizavam e se abraçavam por respeito a você.

Pensei comigo, estar aqui, no meio de tantas cabeças brilhantes, olhares límpidos e sorrisos largos era por si só uma revolução: A potência da Palavra em Ação.

E, então, ao final, me aproximei para dar um abraço e um “até breve”.

O guerreiro estava descansando da festa de entrega do prêmio Averroes.

Eu disse: – Pode ficar aí sentadinho!”

Daí ele se levantou e falou:-Um bom abraço se dá de pé!”

E, foi nosso último abraço terreno.

Entretanto o abraço cósmico se eternizou naquele momento, porque não sabíamos que seria o último.

Nos reencontramos no auditório do Sindicato dos Jornalistas, sua casa maior, em maio de 2018.

E, junto a sua família e aos seus  amigos fiéis, numa tarde triste, de mãos dadas numa ciranda ao seu redor, sob a foto de Vlado Herzog, e sob um céu que não era o de Luiz Gonzaga, se deu a despedida oficial, meio ao burburinho dos profissionais de Comunicação e do Jornalismo que você tanto amou e que lhe trouxe tantas alegrias e desapontamentos.

E, hoje, quando você completaria 91 anos, aqui vai o meu abraço.

Em plena quarentena, face a uma pandemia sem precedentes na história da humanidade, sob a chibata de um fascismo mascarado de Democracia. Aquela mesma, nossa velha conhecida, sempre ameaçada de morte ao longo das civilizações.

Permanecemos todos de pé, ainda que com o coração partido e os pés sangrando.

E, sim, querido camarada Audálio.

O nosso grito é o seu grito.

E, embora o povo se arraste ,neste momento infernal, por uma uma onda de estultícia e embrutecimento , a Liberdade criadora modela a natureza e a delicadeza exalta o sublime .

Feliz Aniversário!

ps: agora você já deve ter tido a resposta do  Vlado, à sua questão, ao vivo e em cores do outro lado da vida.

http://www.sjsp.org.br/noticias/audalio-dantas-e-homenageado-com-o-premio-averroes-2017-00ea

TORTURA NUNCA MAIS Shellah Avellar

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Imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura

A TORTURA

CAI DENTRO DA MEMÓRIA

PARA MATAR

A LEMBRANÇA

DA LEMBRANÇA.

A TORTURA

AFOGA A JUSTIÇA

PARA MANOBRÁ-LA

À SUA VONTADE.

A TORTURA

DISTORCE A VERDADE

PARA  EXTIRPAR

A CAPACIDADE DE TER

VONTADE.

POR ISSO,

HOJE EU DECRETO:

AQUI JAZ A TORTURA!

AQUI JAZ A MESTRA

EM DESASTRES!

AQUI JAZ

O SILÊNCIO IMPOSTO!!

AQUI JAZ A VIOLÊNCIA!

AQUI JAZ A PELE DILACERADA.

AQUI JAZ O PEITO ENSANGUENTADO DE MENTIRAS.

POR ISSO, HOJE,

DESFEITA A SOCOS,

SEM TRINADOS OU RIMAS,

SEM MEDO DE NÃO SER NADA,

CÉLEBRE OU ANÔNIMA

PROCLAMO MEUS AIS:

TORTURA NUNCA MAIS!

O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003

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TORTURA NUNCA MAIS

TRANSversando Shellah Avellar

CADERNO ABERTO

NA PÁGINA

TRANS.

TRANSGRIDO.

SOU MEU PRÓPRIO ANJO.

CAÍDO.

CELULAR EM VIVA-VOZ

QUE DÁ SEMPRE

SINAL DE OCUPADO.

TRANSITIVA.

BINÁRIA.

MÚLTIPLA.

SUBVERTO.

SUJEITO

INEXISTENTE,

RODOPIO.

SILENCIO.

GRITO!

MARIPOSA

DE NOITES LOUCAS.

TRANSCENDO.

DE UM DIA

QUE EU NÃO SABIA

QUEM EU ERA.

ME JOGO

EM NUVENS

DE SUSTO.

QUE, LOGO,

ME MADRUGAM.

ECOS CEGOS.

MISTÉRIOS.

POESIA

FRIA.

HIERÓGLIFO.

DESVENDO A MULHER

PLENA.

METAMORFOSE DE SIGNOS.

BORBOLETA -DESVARIO

QUE VOA

TRANSCREVENDO

A PRÓPRIA

HISTÓRIA.

REFUGIADOS Shellah Avellar

REFÚGIO

                A CÉU ABERTO

REFUGIADO

                      EM VIAS

                      ENVIESADAS

                              ESCALA DE SI

                   SEM                         SOL

                                PONTO DE FUGA                         

                   SEM                                     ORIGEM.

                                          O                HORIZONTE

                                                                    É ONTEM.

REPÚDIO

              AO LÉU.INCERTO.

REPUDIADO

                      EM ALEGRIAS.

                    SEM VOZ.

                    SEM CORTESIAS.

 PÁSSARO SEM

     TRINADO.

             OVO

                     SEM CHOCAR.

                     GEMA      FORA

                           DE LUGAR.

CARÍCIAS        

                            DE          

                              ESCORPIÃO.

                            DESCANSA

                NO                   CHÃO.

    BANHADO EM ÁGUAS FÉTIDAS.

                                                        SONHOS

                                                        SACOLEJANTES.

    BARCOS  

  FURADOS.

            MALAS  VAZIAS.

                      SEM PAIS.

                      SEM PAÍS.

                                         LUTO DA PRÓPRIA

                                                          HISTÓRIA.

                                          NUDEZ   

                                                     DE        ESPERANÇA .

                                 GLÓRIAS                                            ABORTADAS.

                      TEMPOS                 DE  

                                                       DESPREZO.

                                                      

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https://www.cnne.net.br/poesia-inedita-2019

http://www.jornalirismo.com.br/jornalismo/refugiados-migrantes-e-deslocados/

IN VINO VERITAS Shellah Avellar

Acrílico sobre Tela(70×140)SP 2018

COMO SE FOSSE A MADONA

COM SEU MENINO

A VIDEIRA E SUAS FOLHAS

SE ESTENDEM PARA O CÉU ,

CANSADAS DA REALIDADE.

PARA CONQUISTAR O AMOR,

ESTE IMPÉRIO EXTINTO.

OU RESGATAR UMA VIDA

QUE PARECE FORA DE SI…

intervenção vocal:ayiosha Avellar

música incidental:Comunhão (autoria:Fernando Brandt & Milton Nascimento)

MULHER Shellah Avellar

acrílico sobre tela (70×140)

MULHER-LUA

MULHER-SOL

MULHER QUE SANGRA

MULHER QUE AMANHECE

MULHER QUE CHORA

MULHER QUE ANOITECE

UM ESTRANHO JEITO

DE SER PERA E POEMA

E SEMENTE DE VIDAS

SUJEITA A ABUSOS

POR SER VIOLÃO

OU POR SER

MULHER SOMENTE

OBRA-PRIMA

EM CONSTANTE CONSTRUÇÃO ..

atriz: Ayiosha Avellar