ORGULHO LIGHT Shellah Avellar

Só queria me lembrar de alguma coisa bem macia…sabe…assim bem soft, tipo  quando você chega de um dia de trabalho super produtivo e se deixa jogar num sofá que é uma nuvem…cor de rosa, igual algodão doce, por que não?

Ou um banho de espuma com direito a fazer bolhas de sabão que inundam o banheiro, a casa toda, invade a vizinhança, toma a cidade e as estrelas.

Ou deitar na grama orvalhada, numa manhã, daquelas brilhantes de inverno, que não queima, mas dá o testemunho da grandeza da vida em sua plenitude.

É isto. Ah! Hum…mas, vem somada a uma espécie de Orgulho. Existe Orgulho do bem?

E, aí, Mano Criador? Segura esta!

Não é orgulho-gay. Não é orgulho-hetero.Não é orgulho- black.Não é orgulho- White.Não é orgulho-rich.Não é orgulho-poor.

E muito menos orgulho male ou orgulho female.

Por que será que tô misturando inglês com português?

Frescurinhas?? Não.

Acho que light é uma palavra realmente light.

Se é que isto pode expressar o sentimento, a sensação, o feeling de ter tido o privilégio de assistir às Aventuras de Abou, ou “Quando eu morrer vou contar tudo a Deus.”

Aquele Abou que num jogo de espelhos prismados pelo sol mais reluzente que a gente poderia se permitir imaginar, nos leva com ele e sua dog- bag pra viajar poraí afora.

Misturada numa platéia de crianças acompanhadas de seus pais e mães, eu assisti de camarote aqueles meninos ,ou melhor “os meus meninos” …ahhhh vai, deixa eu chamar eles  de “meus”.

Sá por que?

Porque vi estas crianças crescerem, não como a mãe natural ou adotiva, mas como uma espécie de “Mita da Quebrada “  de braços dados com a “Madona Negra” e Dioniso e abraçada às mães destes garotos. É eu sou metida mesmo. Eu vi um gueto de diamantes brutos.

Eu tive a bênção de ver extirpadas as durezas destas pedras preciosas prontas pra explodir em mil arco-íris.

Eu vi, minha gente! Cada gota de suor, ansiedades, muitas mágoas, corações acelerados, muita raça, muito cansaço. E, eu vi. Emergir de cada um deles um lótus de amor pela profissão. Sim, eu os vi ressurgir da lama da falta de oportunidades e da falta de reconhecimento

Mas, que profissão é esta, meus senhores?

Estar a serviço da arte, não é para fracotes.

É esculpir a ferro e fogo cada talento em suas múltiplas expressões, dia sim e outro também

Eu vi. Eu estava lá. Como observadora privilegiada da alquimia.

E, domingo, ali, calmamente imantada à massa de crianças, me vi naquela mala, brincando de ficar sem respirar junto com Abou.

Eu vi uma lágrima escorrer de emoção e orgulho dos olhos da Mãe África.

Eu vi o baobá nascer, engrossar suas raízes, que se enroscam nestes meninos de ouro, e os protegem .Estes meninos do Coletivo O Bonde, que merecem estar aqui e agora ,usufruindo desta calmaria e se deixarem levar pelas águas destes mares do planeta terra com direito a ir e vir pra onde quiserem estar.

É uma onda de rutilâncias que vem lavar a alma de todas e todos nós que nos permitimos ser abalroadas(os) por Abou e sua fértil imaginação,  através da sensibilidade e talento de Maria Shu que nos presenteou com a magia da fantasia que desmonta os horrores do preconceito e das guerras  e cava túneis  de luz  em tempos de desprezo.

#o AmorSIM

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Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus

Drama, Livre.

 Sinopse: A partir de uma manchete real de 2015, a peça conta a história do menino Abou, refugiado negro de oito anos que é encontrado dentro de uma mala de viagem tentando entrar ilegalmente em Ceuta, cidade autônoma da Espanha que faz fronteira com o norte da África através da fronteira Tarajal. Na sua imaginação, a mala se transforma na cachorra que nunca teve, Ilê, que divide espaço com um rádio quebrado e as histórias de Nyame, o Deus do céu. A imaginação fértil do menino Abou e sua curiosidade dentro de uma mala de 41×66 torna menos penosa sua longa viagem rumo ao planeta Europa e as estratégias de sobrevivência num mundo hostil e totalmente desconhecido.

Local: SESC Belenzinho (Leste)

Elenco/Direção: Texto: Maria Shu. Direção: Ícaro Rodrigues. Elenco: Jhonny Salaberg, Filipe Ramos, Marina Esteves, Ailton Barros (Coletivo O Bonde).

Data: até 14 de Abril; Sábado e Domingo, às 12h.

Preço: R$ 20,00

Gratuito para menores de 12 anos.

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